• Rafael Faustino
  • Rafael Faustino
Atualizado em
Jhonata Emerick, cofundador da DataRisk (Foto: Divulgação/DataRisk)

Jhonata Emerick, cofundador da DataRisk (Foto: Divulgação/DataRisk)

Quando se trata de empreendedorismo, senso de oportunidade faz toda a diferença na busca pelo sucesso. Se você não acredita, basta perguntar para Jorge Paulo Lemann. Perceber as necessidades que existem no mercado e supri-las com qualidade é, no mínimo, meio caminho andado para ter êxito com o próprio negócio.

Mas se o caso de Lemann parece distante demais para ser usado como exemplo aos pequenos empreendedores de hoje, veja o que aconteceu com Jhonata Emerick. No início da onda dos aplicativos de taxis e carros particulares no Brasil, ele olhou para outro lado e criou um produto inédito: o 99Motos, que tornava, em 2013, muito mais fácil para qualquer um chamar um motoboy para entregas urgentes.

O crescimento foi rápido, assim como a chegada de interessados no negócio. O fundo Incube aportou R$ 3 milhões na 99Motos ainda em 2014. Depois, veio uma fusão com a Rapiddo e, mais à frente, a venda para a gigante da mobilidade Movile. “Eu comecei, desenvolvi, valorizei, fundi e vendi o negócio. Tudo isso em cinco anos, algo difícil de se ver no Brasil”, lembra Emerick.

Mas quem aprende a identificar oportunidades não costuma desaprender. Emerick não é exceção, e, antes mesmo de sair do negócio da mobilidade, começou a investir em outra frente que se torna cada vez mais requisitada: a inteligência artificial a serviço dos negócios.

No início de 2017, ele fundou a DataRisk, que cria algoritmos preditivos para empresas que precisam trabalhar com previsões de risco – como na análise de operações financeiras para evitar fraudes ou ao prever o comportamento de consumidores em programas de relacionamento.

Mas, mais do que uma fornecedora, a empresa criada por Emerick e seu sócio Gustavo Bernardo é uma parceira constante dos negócios que atende. Ela atende no modelo “software as a service (SaaS)”, um marketplace de algoritmos em que os clientes testam, escolhem e adaptam o mais adequado às suas necessidades. Tudo é feito na nuvem.

Mas por que um negócio tão diferente do anterior? Oportunidades, diz Emerick. “O Brasil é um país cheio de deficiências, e não tem situação melhor para implementar soluções de automação do que locais assim. Então tem muitas verticais para se estar e implementar”, afirma.

Claro que não é algo simples, que se constrói no estalar dos dedos. Mas aí entra a outra metade da receita: o trabalho, baseado no conhecimento do mercado e das formas mais adequadas para fazer o negócio crescer.

“Primeiro identificamos a oportunidade no mercado. Feito isso, passamos a conversar com as pessoas e entendemos que era uma necessidade atual. Pegamos um aporte anjo para desenvolver um MVP [produto de valor mínimo, espécie de protótipo para um lançamento] e aí fomos testar com um cliente e ver se dava tração. Foi uma cocriação com alguns clientes, até que estivéssemos prontos para nos lançarmos no mercado.”

O foco da DataRisk são as instituições financeiras – mais uma oportunidade identificada por Emerick e Bernardo, que trabalharam no Itaú antes de se lançar empreendedores –, mas também há parcerias com empresas como a Gol, da aviação.

Em pouco mais de um ano, a ideia se provou acertada, e novas portas se abriram. Em 2018, a startup foi selecionada para o programa de aceleração da Visa, no Vale do Silício, onde receberam mentoria e puderam testar e aperfeiçoar sua solução. Os negócios também cresceram, a equipe chegou a dez pessoas e o faturamento aumentou cinco vezes, segundo Emerick, chegando a R$ 1 milhão.

Essa empresa, o cofundador não pretende vender, ao menos por enquanto. Por quê? Basta ver quantas oportunidades ainda podem ser aproveitadas com análise de dados e inteligência artificial. “Há todo um oceano azul pela frente.”